sábado, 11 de abril de 2009

Carta Estrangulada

E sempre, em momento de ira, alguém desfere palavras violentas e sem ternura para outrem. Calado fico, calado sou; não me desabo em revoltosas águas para evitar o pior naufrágio... Sempre sou o vilão, mas não ligo. Não ligo como quem não liga para abstrações (certos materialistas), longe disso, como zen-butistas que não acreditassem no nirvana. Mas acredito. E acreditando vencerei minhas mágoas que só a mim dizem respeito. Não entendes pequena, jamais entenderás!

E sempre, em algum momento, as lágrimas secam e os olhares se cruzam, a brandura de palavras calmas são como santos crucificados e abandonados à sorte d’algum demônio. Não quero mais sofrer violências, passei da idade minha pequena! Nossa intolerante impaciência nos condena e a sociedade segue com seus afazeres cotidianos ao nosso redor; pena não estarmos nos planos ...

E sempre, em momento algum, as pessoas se perdoam! O perdão, amiga, não é um ato divino nem maravilhoso: é um grito estrangulado por um ato culposo!... Quem haverá de nos entender? Sinto-me culpado, agora, de haver te tocado. Será que te usei menina? Ah, como o sexo nos torna animal!

Prometo, se assim quiseres, não tocar-te novamente. Prometo, se assim o for, te esquecer quase completamente. Contudo, prometo que sempre e sempre, haverá em mim como haverá em ti, uma pedra de lembrança como a ponta de um bloco-de-gelo que surge ao mar e que se esconde por baixo do mesmo...

Apaixonadamente,
H.V.B

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