segunda-feira, 23 de julho de 2007

Antropologia Fisiológica ou Tragédia Machista

Sempre fui metido a liberal. Puro fingimento com as mulheres. Nunca disse “eu te amo” com total sinceridade. Por trás do “amo” existia sempre a pungente vontade de comer a tal amada. Sou machista e canalha como todo homem por sua natureza! E a liberdade sexual que finjo só vai até onde convêm minha moral e meu desejo. Não tenho nenhum amigo macho que seja o contrário disso. Alguns omitem sua condição de pústula, simulando carinho e compreensão em demasia, para comer mais fêmeas; outros tantos não percebem o jogo com tanta definição. Esses mais infames, porém nem menos astutos...

Não quero delegar com isso uma ingenuidade cristã as mulheres, (Puro desfeito é a ingenuidade para as vulvas que nunca terão pudores), nem colocá-las numa posição de presa burra e fácil: melhor guardar em segredo a posição em que prefiro colocar. Mas acho difícil que compreendam a sensação de poder obtida pelo macho no momento de uma ereção perfeita ou da ejaculação despejada por cima da curva bundinha. Tão pouco, entenderão o frustrante desenrolar de uma situação broxante; Não me importo muito com a broxada, ela é outro elemento de vital importância no jogo. Até porque prova que nós [os pusilânimes] não somos tão filhos-da-puta assim. Somos cria delas e delas tiramos o que há de melhor e de mais podre para desenvolvermos nossa função social de macho.

Mesmo assim, quero continuar e continuo. Como é possível amar o que é mau, falso e feio? Não se deve crer numa fêmea em momento algum de sua dissimulada existência. Um exemplo típico é quando ela resolve dar p’rum conhecido: seu, dela ou comum aos dois. Depois, a explicação sobre o fato vem sempre vaga e confusa (aliás, nunca peça explicação), mesmo quando os dois se juntam para viver um romance carnavalesco ou sazonal. Ou quando você encontra uma amizade colorida do passado, que agora, após ter parido e encontrar-se em estado de sítio aplicado pelo pai da criança, se lhe oferece um serviço sexual “inesperado” {você sabe que é perigoso, mas você é jovem e espera se arrepender na velhice}... Não há como não ser canalha diante de um episódio desses. Meu lado dionisíaco admira isso!

E voltando àquele sujeito, o “conhecido”, ele exerceu seu papel com maestria neste capítulo do jogo. Deve ter-lhe prometido alguma bobagem com efeito de sedução: um relacionamento mais solto ou fixo ou equivalente, mais açucarado ou sedicioso (não que ela acredite totalmente ou queira), ele pode até ter falado mal de você – pouco importa! Sendo consumada a cópula tudo voltará aos seus devidos lugares cotidianos. Ao macho, “apraz-lhe somente aquilo que lhe é útil: o seu prazer e o seu desejo cessam quando ele ultrapassa os limites do útil” (Nietzsche, Ecce Homo). E você pode ou não aceitar e ter essas fêmeas, neste caso, não fará diferença: no mundo há uma só mulher com várias faces...

Os mais hábeis à criticar-me, talvez dirão que sou trágico. Mas agora posso amar tudo que é bom, belo e verdadeiro.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

SUJO, tão SUJO quanto os BARES da Cidade

“...Quando os bares e os cinemas fecham
E as ruas fedem
E os homens fedem
E os homens fedem...”
(Juarez Correya)

A luxúria, realmente, é o grande traço na cara da humanidade; em qualquer ponto no tempo ou no espaço ela se apresenta e nos mostra seu poder de contrafeito. Ela, como não podia ser diferente, é também o trunfo [da deformidade (física) organizacional] de nossa sociedade moderna: nossa moderna degeneração.

{Os vícios (qualquer um, de qualquer tipo): [defeito grave que torna uma pessoa ou coisa inadequada para certos fins ou funções]} podem nos servir como clara referência empírica de nossa imperfeição. Num bar de verdade, por exemplo, tudo cheira a fluidos sexuais, vícios amontoados e rasuração promíscua; unem-se desordenadamente e intrometem-se nos órgãos genitais externos, na sensualidade, na volúpia.

Não existe nada mais impuro quanto nós e nossa inclinação para o mal; somos um agregado sem ordem nem distinção! Em alguns bares do decadente e fedorento centro da cidade {como o Savoy} travecos cochos e velhos pervertidos se masturbam mutuamente em banheiros imundos. Em outros, mais abastados, garotinhas do mundo cult classe média trocam carinhos bissexuais ao som de jazz e artistas plásticos multimídia. Nos subúrbios, dançarinas de brega se queixando por orgasmos são curradas por macacos banguelas que se esbaldam em bizarras e corruptas máquinas de caça-níquel. Nos bares ao redor da universidade, as fêmeas clamam pela cópula oferecendo preservativos lubrificados, enquanto os machos dividem sua relação de poder entre a sinuca e a embriagues – tudo adulterado com o fim de manipular os resultados. Nesses locais os homossexuais sempre esperam que lhes sobre algo, sendo assim tratados na maioria das vezes como exóticos de segunda divisão. Em algum momento a moralmente censurável “moral” surge com um pouco de castração, devassidão, flagelação, felação e outras libertinagens. De repente, e mais uma vez, as discussões sobre jogos e partes pudentas tomam todo o ambiente do bar. Isto só reflete mais uma real obsessão pelos hábitos prejudiciais; os homens adoram as disputas prenhes de testosterona e progesterona.

Toda essa conduta ou costume nocivo e condenável se mistura sem critério de seleção ou ordenação por conta da característica que distingue o macho da fêmea nos animais e nos vegetais – tornando-nos falsificados e estragados.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A Buceta e o Fracasso

A maior decepção que uma Buceta pode ter é o fracasso! Sinto-me uma Buceta fracassada. Uma triste Buceta derrotada.
– Ah, uma ode a todas as Bucetas que nunca foram nada na vida!

Sou a Buceta de Seu Zé, ao esfregar um pano úmido e mofado no balcão de sua bodega...
Sou a Buceta de Fernando Pessoa, tendo todos os sonhos do mundo...
Sou a Buceta de Charles Bukowski, bêbada e rabugenta nos guetos californianos...
Sou a Buceta de Gilberto Freyre, e a aristocracia escravocrata dos senhores de engenho...
Sou a Buceta de Ariano Suassuna, completamente armorial...
Sou a Buceta de Mahatma Ghandi, anoréxica...
Sou uma Buceta Nietzscheana, totalmente niilista e sifilítica...
Sou a Buceta de Engels que aturava e sustentava a Buceta de Marx...
Sou a Buceta de Sigmund Freud, cheirando toda cocaína da psicanálise...
Sou a Buceta de Franz Kafka, processando-se num inseto monstruoso...
Sou a Buceta de Charles Baudelaire, comendo o ópio dos poetas malditos...
Sou a Buceta de Balzac, uma Buceta de trinta anos de idade...
Sou a Buceta de Mário e Oswald de Andrade, criando o modernismo num país medieval...
Sou a Buceta de Murilo Rubião, e a literatura mágica tirada dos dias de funcionalismo público...
Sou a Buceta de Sócrates, que talvez nunca tenha existido, em sua maiêutica retórica...
Sou a Buceta de Homero, viajando na Odisséia e guerreando na Ilíada...
Sou a Buceta de Euclides da Cunha, e seu hércules-quasímodo sertanejo...
Sou a Buceta de Arthur Schopenhauer, e toda Vontade de Representação do mundo...
Sou a Buceta de Isaac Newton, uma Buceta com gravidade...
Sou a Buceta de Stefen Hawking, explicando o buraco negro como física para leigos...
Sou a Buceta de Kurt Gödel, e as contradições algébricas...
Sou a Buceta de Glauber Rocha, e o entediante cinema novo...
Sou a Buceta de Johann Wolfgang Goethe, e uma onda de suicídio por toda a Europa...
Sou a Buceta de Nelson Rodrigues, e a podridão moral em suas tragédias “mexicanas”...
Sou a Buceta de Cruz e Souza, nas vulvas alvas e claras de seu simbolismo...
Sou a Buceta de Augusto dos Anjos, e a decomposição putrefata do soneto...
Sou a Buceta de Wolfgang Amadeus Mozart, e a gargalhada de quem morre no anonimato...
Sou a Buceta de Andy Wahrol, uma buceta pop e colorida...
Sou a Buceta de Leonardo Da Vinci, rindo através da Monalisa...
Sou a Buceta do Monty Phiton, com seu humor idiota metido a genial...
Sou a Buceta de Josué de Castro, nutrindo seu miserável homem gabiru...
Sou a Buceta de Chico Buarque, uma buceta unânime na MPB...
Sou a Buceta de James Douglas Morrison, tomando LSD e broxando com as fãs...
Sou a Buceta de Richard Wagner, e o mórbido romantismo alemão...
Sou a Buceta de Tom Zé, descoberta por um americano fã do tropicalismo...
Sou a Buceta de Van Goghi, uma Buceta em forma de girassol...
Sou a Buceta de James Joyce, em uma única obra durante toda vida...
Sou uma Buceta Darwinista, na seleção natural de todas as espécies...
Sou a Buceta de Santo Agostinho, e a hipocrisia cristã de suas confissões...
Sou a Buceta de Nicolau Maquiavel, e o absolutismo total e necessário do príncipe...
Sou a Buceta de Immanuel Kant, criticando a Crítica da Razão Pura...
Sou a Buceta de Allan Sokal, e todo embuste da pós-modernidade...
Sou a Buceta dos pré-socráticos, e toda filosofia da physis...
Sou a Buceta de Platão e Aristóteles, no berço da cultura e do conhecimento ocidental...
Sou a Buceta de Gautama Sidartha, ao alcançar plenamente o nirvana...
Sou a Buceta de Jesus Cristo, e todo atraso que o cristianismo representa pra evolução da humanidade...
Sou a Buceta de Deus, qualquer um, de qualquer crença, com toda oni-estupidez que o universo pode suportar...

Enfim, sou a Buceta de todos aqueles que nunca vingaram em vida...

[Hellena Vasquez Bañera]