sexta-feira, 7 de abril de 2023

MEMENTO MORI

    Já reparou como existem colecionadores para toda sorte de coisas, por toda parte e em toda a história? 

Não estou aqui a falar de acumuladores compulsivos, geralmente insalubres, com seus amontoados de quinquilharias sem muita ordem, valor ou distinção; mas daqueles que o fazem com pesquisa, com paixão e com uma admiração amadora quase infantil pelo acervo, arquivado e catalogado, adquirido ao longo de um caminho.

Coleciona-se de tudo: plantas e peixes; discos e livros; veículos e naves; camisas de futebol e viagens pelo mundo… 

Talvez seja uma forma de dar sentido a uma existência menos medíocre ou simplesmente uma maneira de tentar viver uma vida mais autoral. Não sei dizer. Sei que, de todo modo, não é bom (nem faz bem) negar a própria potência. Devemos viver por aquilo que nos move, alegra e excita, mesmo que isso não comova mais ninguém.

Não sejas tu facilmente demovido de teus interesses pelas críticas alheias. Não deixes que as forças reativas da sociedade esmaguem o teu glorioso Conatus. Não permitas que a invejosa moral do escravo o faça odiar tua própria autenticidade.

Pois assim eu vos digo, afinal e ao final, como já bem escreveu aquele rapaz de imenso bigode, no seu A Gaia Ciência, lá em 1882:

“Qual o emblema da liberdade alcançada? 

Não mais ter vergonha de si mesmo.”