segunda-feira, 21 de maio de 2007

São quatro horas da madrugada.

São quatro horas da manhã e estou só.
Não sei como lidar com isso. Preferiria estar morto: Também não sei como lidar com isso! Gabriela dorme no sofá; Ângela dorme no seu quarto; Michel não está em casa... tentei dormir no quarto de michel, mas algo me impede. Tenho medo de me tornar um covarde por não conseguir dormir nunca: logo eu que controlo meus sonhos!

As pessoas me odeiam? Ou me admiram à distancia!? Na verdade, ninguém atura um idiota com pretensão de intelectual; ninguém atura um intelectual... então não o sou; nem pretensioso, nem modesto. Falam muito mal de mim e isso me faz desgostar mais ainda das poucas coisas que me deixam angustiado. São todos ignóbeis e frouxos! Deviam Ter um destino menos previdente, para morrerem depois de demais frustrados.

Não confio no homem que não seja arquétipo de si mesmo. – É perigosa a travessia e perigoso olhar pra trás. – salmos de minha própria destruição voluntária sobrarão.

Estou desgostoso dessa hipócrita e energúmena vontade, hoje mesmo uma garota me prometeu sexo gratuito, Não me sinto melhor por poder podê-la. Queria mesmo era conseguir de volta meus aviões e voar sem precisos. Queria, de novo, ser velhos destinos inconseqüentes.

Passaram-se mais ou menos trinta minutos, e me sinto mau. Talvez seja o café: maldito café. Talvez seja minha existência: maldita existência. Talvez seja minha infância e família e tudo o que me remete à inútil responsabilidade de ter uma família e uma infância (esta última, por sua vez, também inútil) para se defrontar de Segunda a Segunda.

Às vezes eles somem como eu que me escondo feito um inseto kafiquiano em busca do mínimo de abrigo da luz e dos bons fruidos...

Nenhuma loucura me comove. Já dei por loucos demais em minha sofrida e traumática vida de bom pai solteiro. Quero agora matar toda merda sem remorso. – Quero ser feliz gozando dentro. Sem nenhum impulso de vontade! Sou a-histórico por demais para querer fazer parte de algo tão fisiológico. Repito, nenhuma loucura me comove mais... estou de saco cheio da gordura da frigideira nas paredes do meu inconsciente. Nada mais me comove! Só a porra dessa uma hora que venho escrevendo e ninguém presencia a porra de minha genialidade.

São cinco horas da manhã. Gabi dorme no sofá, Angel em seu quarto, Michely não está em casa mas ouço o coitado do ventilador que deixei ligado. Já não tenho medo de desmaiar sem sonhos: logo eu que sempre tenho sonhos...