sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SEXO, DROGAS, ADOLESCÊNCIA E CLASSE

Não entendo como algumas pessoas conseguem ser tão despojadas com relação ao próprio corpo e a sua sexualidade! Principalmente em se tratando de adolescentes da chamada “grande classe média”; (refiro-me aqui a classe média com três níveis diferentes na hierarquia social – média alta, média média e média baixa – em relação a quantidade de Riqueza, Prestígio e Poder adquiridos ou atribuídos, mas mesmo assim muito similares nos comportamentos e costumes desenvolvidos ao longo de sua vida sociocultural).

Festinhas orgíacas e drogas que circulam nesse mundinho pequeno burguês da classe média já é rotina há algum tempo na vida de boa parte dos nossos jovens, isso sem falar em cigarros e álcool que são muito mais acessíveis e aceitos socialmente. Não tenho nada contra sexo e drogas em geral, afinal de contas todo mundo quer ter prazeres ao longo da vida para ajudar a suportar a angustia da existência humana; além do mais, estudos históricos mostram que em todas as sociedades existiram formas, lícitas ou não, de se entorpecer, individualmente ou coletivamente. Pro bem ou pro mal não deixa de ser uma “válvula de escape” social.

O que me perturba é a confusão que esses jovens sujeitos fazem com coisas e conceitos fundamentais na formação do caráter da pessoa humana. Conceitos e atitudes importantes para a consolidação de pilares de sustentação do cidadão moderno.

Por exemplo: liberdade é muito diferente de desregramento; vida sexual ativa e saudável difere absurdamente de promiscuidade; maleabilidade de valores se distancia demais de corrupção.

Como poderia ter dito nosso querido e polêmico jornalista e teatrólogo, Nelson Rodrigues, o problema da classe média é que ela parece gostar de ser corrompida e querer ser corrompida.

Somos corrompidos diariamente com produtos culturais de baixíssima qualidade veiculados pelos diversos meios de comunicação à revelia de uma indústria cultural alienante. Indústria essa que só se importa com o lucro e que é conduzida por nós mesmos, já que emprega essa tal classe média e seus três níveis, sem que a mesma faça nada para intervir nessa realidade. Somos corrompidos por uma alta burguesia que explora a classe trabalhadora em troca de um salário de fome, e novamente não fazemos nada em prol desses irmãos, pior, reclamamos se esses trabalhadores entram em greve e essa greve nos atrapalha de alguma forma. Somos corrompidos a todo instante por cafetões e traficantes que estimulam a prostituição infantil e o tráfico humano, sabendo que uma parcela dessa classe média vai querer consumir garotas de 13 ou 14 anos de idade como se fossem produtos de supermercado. Somos corrompidos em nossos carros quando algum pobre diabo, viciado em crack, nos aponta uma arma para nos subtrair uma porcaria de celular e não fazemos nada. Somos corrompidos por um poder público que cobra os maiores tributos do mundo e não nos dá um retorno compatível com o que pagamos de impostos. E por aí vai, a lista deve ser interminável...

Karl Marx, ao tratar da classe média das sociedades européias, escreve em seu Manifesto Comunista, “as camadas médias combatem a burguesia porque esta compromete sua existência como camada média. Não são, pois, revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda, são reacionárias, pois pretendem fazer girar para trás a roda da História.” Será que isso se aplica a sociedade atual? Talvez, mas o fato é que carecemos de uma classe média consciente de sua representação social ou então jamais mudaremos a condição desse país.
O meu medo é que esse comportamento da juventude de hoje seja determinante na involução de nossos adultos do amanhã! Como os hippies americanos dos anos 1970 que ao se tornarem adultos nos anos 1980 se transformaram em yuppies, ou seja, pequenos burgueses que só reproduziram o mesmo sistema que tanto lutaram contra. Ou os tais grupos “revolucionários” comunistas no Brasil da época da ditadura militar, que ao final do regime autoritário entraram para vida pública e viraram o mesmo tipo de político direitoso anti-revolucionário que durante o regime bajulava os nossos ditadores...

Pode parecer caretice, mas essa patologia social, tomando emprestado uma expressão de Émile Durkheim, que atinge e assola nossa juventude de classe média deve ser combatida com diálogo aberto (tanto por parte dos pais, como da parte dos professores), sem hipocrisia ou falso moralismo, sem pieguices ou clichês idiotas; e principalmente com muito bom senso e uma educação crítica, vívida e producente. Aliás, o conhecimento aliado à sensibilidade é, quiçá, a solução para todas as classes e faixas etárias do mundo.

8 comentários:

Bernardo Jurema disse...

mt lúcidas tuas observações, hvb!
brilhante post!
deverias escrever mais.

saudades.
abração

HVB disse...

valeu, Berna...
mas ainda vou bulir nesse texto.
vai ficar melhor escrito.
abraços.

Anônimo disse...

Olha quem fala... =P

Bernardo Jurema disse...

não bula não!

escreva outros!
deixa esse aí!

Juliana Holanda disse...

Festinhas essas que vc conhece muito bem... E esse discurso tão "vanguardista", tirou de onde? Foi das conversa com D. Argentina ou é só dor de corno mesmo?

HVB disse...

Era só o que me faltava, mais uma fêmea frustrada me hostizando!

Juliana Holanda disse...

Seu diagnóstico está errado, meu caro. Tá frio, frio.

HVB disse...

errata do meu comentário: onde se lê hostizando, leia-se HOSTILIZANDO...