terça-feira, 9 de março de 2010

GASTRONOMIA, DEFECAÇÃO E SEXOFILIA

Uma coisa que vem me intrigando ultimamente, é como algumas pessoas consideram os atos de comer/beber, cagar/mijar e fuder/gozar, como simples manifestações fisiológicas do corpo humano, como se fosse algo de ordem puramente animal; descartando assim toda evolução sociológica e toda revolução cultural em torno desses três magníficos empreendimentos históricos – de nossa ainda rudimentar humanidade de Momo...

O empreendimento gastronômico não pode ser considerado apenas sinônimo de melhor nutrição!

Há muito tempo que defecar deixou de ser somente expelir dejetos de alimentos já digeridos!

Sexo, pra nós humanos, diferentemente de outros bichos, nunca foi uma questão só de reprodução, de mera cópula no cio: momento-propício-reprodutivo!

Eu poderia aqui falar de como a descoberta do manuseio do fogo nos serviu nesse processo de sabores e nutrição ainda ignorados; da importância evolutiva que foi pro homem (antes nômade, agora recém sedentário) ter a mão carne e leite e grãos e legumes; do quanto nos arriscamos além-mar em busca de especiarias orientais na idade média; do quão requintada se tornou nossa alimentação com tantos temperos disponíveis; da coqueluche que foram o sal e o açúcar em períodos distintos da nossa história. Gastronomicamente falando, nossa evolução alimentícia foi decisiva na “transformação do macaco em homem.”!

Eu poderia, também, falar do quanto foi revolucionária a nossa aprendizagem no tratamento e eliminação dos nossos próprios excrementos; “cagam reis e cagam fadas”, (diria o Paulo Leminsk), e a cólera dizimou quase populações inteiras na Europa, até gênios como Hegel. O desenvolvimento urbano-sanitário foi extremamente revolucionário na nossa humanidade diarréica. Sem falar do aperfeiçoamento dos banheiros, assentos e privadas em geral; antes, o banheiro era fora de casa, num pequeno casebre a alguns metros do lar, onde o senhorio ia extravasar essa necessidade animal. Hoje temos o banheiro dentro do aconchego do lar, com todo conforto de aromas diversos e a possibilidade de uma leitura agradável durante a eliminação daquele cocô quase inodoro!

Eu poderia, por fim, falar do patamar de requinte que o sexo tomou e vem tomando ao longo de nossa libidinosa história. Luxo e luxúria se completam firmemente! A pitada certa de erotismo nos nossos desejos egóicos é que dá sentido a nossas pulsões instintivas e porque não dizer: animais. Sem esse requintadíssimo aspecto psicológico humano, seriamos como qualquer bicho: plugs em busca de tomadas no devido tempo propício... Sem falar dos indivíduos que tem por tara, sexo envolvendo alimentos ou situações mais esdrúxulas de sexo envolvendo excrementos! Não vou nem comentar sobre a milionária indústria do cinema pornô, com seus jatos de semêm na face das teenages mais lindas...

É, eu bem que poderia falar sobre tudo isso, mas prefiro deixar que o leitor imagine toda a grandeza desses três magníficos empreendimentos históricos de nossa já não tão rude humanidade de Momo.

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